quinta-feira, dezembro 24, 2009

Caderno de apontamentos (I)

Com a transição de ano organizamos as agendas e fazemos, por tradição, uma limpeza nos nossos cadernos de apontamentos. Nessas páginas encontraram espaço registos que (ainda) merecem ser partilhados.

[Desenho de Sebastião Sanhudo]
1. A Biblioteca Pública Municipal do Porto manteve, entre 19 de Novembro e 18 de Dezembro de 2009, uma exposição bibliográfica e documental sobre Joaquim de Vasconcelos (1849-1936). Esta exposição integrou-se no ciclo Carolina Michaelis e Joaquim de Vasconcelos: Um Encontro de Culturas e de Saberes, promovido pela Câmara Municipal do Porto, Faculdade de Letras do Porto e Faculdade de Letras de Coimbra, contando com a colaboração do Museu Soares dos Reis. Entre as publicações expostas, ilustrando a vida oitocentista, encontrava-se O Sorvete e os desenhos de Sebastião Sanhudo.
2. A Câmara Municipal de Ponte de Lima actualizou o seu lugar na web, dando-lhe uma nova imagem e introduzindo novas funcionalidades. Entre as novidades, destacamos a "galeria" de Presidentes da Câmara Municipal desde 1850 e a presença da biografia de uma figura limiana.
3. Algumas (sem procurar a exaustividade ou seguir um critério de qualidade) ligações para conhecer a arquitectura contemporânea em Ponte de Lima: Traçosd'Arq; Portefólio de Tiago do Vale; António Ildefonso e André Rocha [ver também o blogue de André Rocha; Topos Atelier de Arquitectura [em world-architects.com] ou no seu sítio.

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Natal

Uma pequenina luz

Uma pequenina luz bruxuleante
não na distância brilhando no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta
une toute petite lumière
just a little light
una picolla... em todas as línguas do mundo
uma pequena luz bruxuleante
brilhando incerta mas brilhando
aqui no meio de nós
entre o bafo quente da multidão
a ventania dos cerros e a brisa dos mares
e o sopro azedo dos que não a vêem
só a adivinham e raivosamente assopram.
Uma pequena luz
que vacila exacta
que bruxuleia firme
que não ilumina apenas brilha.
Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
Muda como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Brilhando indefectível.
Silenciosa não crepita
não consome não custa dinheiro.
Não é ela que custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não ilumina também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia
indefectível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não:
brilha.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui
no meio de nós.
Brilha.

Jorge de Sena

domingo, dezembro 06, 2009

Folhas caídas na Avenida, escutando a poesia de Yeats

Embora muitas sejam as folhas, a raiz é só uma;
Ao longo dos enganadores dias da mocidade,
Oscilaram ao sol minhas folhas, minhas flores;
Agora posso murchar no coração da verdade.
(poema "Com o Tempo a Sabedoria")

quarta-feira, novembro 04, 2009

20 anos depois da queda do Muro de Berlim...

... continuam a ser construídos muros no Mundo!

[no topo da imagem à esquerda: muro entre a fronteira do Estados Unidos da América e o México; no topo à direita, muro na Palestina; na parte inferior da imagem, à esquerda, muro construído numa cidade brasileira para separar as favelas da restante cidade; no fundo, à direita, muro construídos por Israel]

[...] Dizem que esta cidade tem dez milhões de almas/Umas vivem em palácios, outras em mansardas/contudo não há lugar para nós, minha querida, não há lugar para nós. (W. Auden, Canção)

[...] E desça novo esforço ao fraco esp'rito./Vença a razão à tão cega vontade,/Levante um alto muro de paciência,/Deixe já as sombras vãs pela verdade. (António Ferreira)

quarta-feira, outubro 28, 2009

Festival de Jardins_projecto Natureza em Risco

Natureza em Risco
[vale a pena espreitar a página, depois de uma visita ao local!]

terça-feira, outubro 06, 2009

Dos livros e do património local

Duas notas a propósito de duas iniciativas culturais.

1. A edição do jornal Expresso de 3 de Outubro de 2009, inclui na revista Actual uma análise ao trabalho de J. Cândido Martins sobre António Feijó, recentemente publicado pela Caixotim, assinada por António Valdemar. O registo começa por constatar que António Feijó é "o mais injustamente esquecido poeta da sua geração" e que, quando evocado, é circunscrito ao Alto Minho e particularmente ao grupo de poetas líricos do Lima. Considerando o texto de Cândido Martins "sobrecarregado com adjectivação desnecessária e obsoleta", nota que "a informação biobliográfica é rigorosa" e destaca a ilustração. No nosso ponto de vista, o livro "António Feijó - O Homem e a Obra" (2009) teve o mérito de, mais uma vez, ligar o nome e a obra à terra natal do poeta. Todas as obras que contribuam para inscrever o seu nome e trabalho literário na memória colectiva da região são bem acolhidas. Concordamos, contudo, com o recensor António Valdemar no que se refere ao esquecimento da sua obra no contexto da produção literária nacional da época... esse é um exercício que continua por realizar e que caberia a Ponte de Lima encetar, quiça com a promoção de um círculo de estudos ou congresso centrado na sua pessoa e obra, com a presença de especialistas nacionais nesta temática, com reconhecido mérito científico.
2. O Museu dos Terceiros tem on-line a lista das 20 peças que procuram um mecenas, mote de uma exposição temporária em curso. Entre elas encontramos o livro de Manuel de Andrade de Figueiredo, intitulado Nova Escola para aprender a ler, escrever e contar. Trata-se de uma obra dedicada ao ensino elementar, cuja 1ª edição terá sido licenciada em 1722, realizada por um mestre competente e calígrafo invulgar. Rómulo de Carvalho, na História do Ensino em Portugal, considera-a "uma obra máxima da pedagogia portuguesa". A sua presença naquele complexo conventual não deixará de estar relacionada com o facto de ter sido lugar de instrução. Quanto ao projecto do MUTE, deixamos o nosso aplauso e este humilde contributo na divulgação.

quarta-feira, setembro 23, 2009

quarta-feira, setembro 16, 2009

Feiras Novas 2009

16 de Setembro Abertura da Iluminação 22:00 Encontro Concelhio de Concertinas (Praça de Camões) * 17 de Setembro 22:00 Grupo “Quatro Ventos” / Grupo Cantares de Outono (Praça de Camões) * 18 de Setembro - Noite da Música 19:00 Bandinha da Alegria (Animação de Rua) 20:30 Grupo Verdes Anos - Fados e Baladas de Coimbra (Jardim do Paço do Marquês)22:00 Orquestra Brass Band (Largo de S. João) 22:00 Canções de outrora, música de sempre com Inês Santos e Pedro Miguéis (Praça de Camões) 23:00 Actuação das Bandas de Moreira do Lima e de Rio Mau (Praça de Camões) 00:30 Fogo * 19 de Setembro - Noite das Rusgas 01:30 Tunas - Praça de Camões 08:30 Concurso Pecuário (Expolima) 08:30 Grupo de Música Popular da Feitosa (Expolima) 08:30 Zés Pereiras e Gaiteiros 09:00 Grupo de Cultura Musical de Ponte de Lima e Banda da Carregosa (Praça de Camões) 11:30 Desfile Pecuário 12:00 Concentração dos Zés Pereiras (Praça de Camões) 14:30 Inscrições para a Corrida de Passo Travado (Expolima) 15:00 Corrida de Garranos (Expolima) 16:00 Cortejo Etnográfico 22:30 Rusgas, Concertinas e Folclore 01:00 Fogo 01:30 Cantares Alentejanos * 20 de Setembro - Noite do Fogo 08:30 Zés Pereiras e Gaiteiros 09:00 Banda de Revelhe e Banda de Freamunde (Praça de Camões) 11:30 Grupo de Danças e Gaitas Queixumes dos Pinos, Banda de Gaitas de “Charamuscas”e a Banda de Rua NemFá NemFum 12:00 Concentração de Zés Pereiras (Praça de Camões) 16:00 Cortejo “Ponte de Lima, Terra da Natureza” 20:00 Fanfarra de Escuteiros de Vitorino de Piães Desfile do Folclore 21:00 Festival Folclore (2) (Arnado e Paço do Marquês)22:00 Bandinha do Castelo (Animação de Rua) 00:30 Espectacular Sessão de Fogo de Artificio * 21 de Setembro - Noite do Baile 09:00 Banda de S. Martinho da Gandra e Banda de Moreira do Lima (Praça de Camões) 10:30 Missa Solene (Igreja Matriz) 16:30 Imponente Procissão em Honra de Nª Sr.ª das Dores 20:30 Banda do Galo (Praça de Camões) 22:00 Grupo Musical Império Show (Praça de Camões).

sexta-feira, setembro 04, 2009

Cumprindo a tradição de ver a luz na véspera das Feiras Novas, surge "O Anunciador das Feiras Novas". Publicamos a capa, com pintura de Rogério Martins (Gero) e arranjo gráfico de Patrício Brito, responsável pela paginação. Colaboraram neste número (o 26º), editado pela Associação Empresarial de Ponte de Lima e coordenado por Alberto do Vale Loureiro, mais de trinta autores que tratam, nas 224 páginas, diversos temas da vida e da cultura de Ponte de Lima.

segunda-feira, agosto 31, 2009

Nova publicação de António Manuel Couto Viana

António Manuel Couto Viana, um dos colaboradores assíduos da revista "O Anunciador das Feiras Novas", fazendo juz ao reconhecido mérito literário e à sua profícua produção, traz ao lume mais uma publicação: “Que é que eu tenho, Maria Arnalda? e outros contos pícaros”. A apresentação do livro, promovida pela Casa do Concelho de Ponte de Lima, a Editora Opera Omnia e a Revista Limiana, terá lugar no próximo dia 12 de Setembro, pelas 18 horas, no Auditório do CITEFORMA - Centro de Formação Profissional dos Trabalhadores de Escritório, Comércio, Serviços e Novas Tecnologias, sito na Avenida Marquês de Tomar, n.º 91, em Lisboa. De acordo com a informação inserta no blogue da Revista Liminana "a obra será apresentada pelo escritor vianês Ricardo de Saavedra, seguindo-se uma intervenção do autor, a actuação do Grupo de Cavaquinhos da Casa do Concelho de Ponte de Lima e uma sessão de autógrafos".

sábado, agosto 29, 2009


[...]
Mergulho em longos, loucos devaneios...
Vejo confeitos de cristal nas fontes
E o Lima, ao fundo, em lubricos coleios...

Teófilo Carneiro

sexta-feira, agosto 14, 2009

Há vida no Arquivo!

Numa das minhas visitas recentes ao sítio do Arquivo Municipal de Ponte de Lima deparei com mais uma iniciativa louvável. Desta feita trata-se de um produto de âmbito educativo intitulado No reino da informação: uma visita ao Arquivo Municipal de Ponte de Lima. A publicação está on-line. É mais uma manifestação do trabalho regular de divulgação do arquivo e das actividades que nele se exercem. Trabalho que se tem pautado pela qualidade e pelo carácter sistemático, a que não é alheio o papel da sua Directora e que, gradualmente, se inscreve no âmbito da actividade cultural e educativa do Município, cada vez mais integrada. Como bem comprova o Arquivo, no meio dos "papéis velhos" há vida!
Referência: No reino da informação: uma visita ao Arquivo Municipal de Ponte de Lima. Texto do Arquivo Municipal de Ponte de Lima; colab. Arquivo Distrital de Viana do Castelo; coord. Franclim Sousa. Ponte de Lima: Município de Ponte de Lima, 2007. ISBN: 978-972-8846-10-7.

segunda-feira, agosto 03, 2009

A propósito dos "80 anos de Zeca"

Teve ontem início, em Coimbra e no dia em que Zeca Afonso completaria 80 anos, o projecto Memorial José Afonso (1929-2009) que, segundo a edição do jornal Público de 2 de Agosto de 2009, só terminará a 3 de Outubro. Várias iniciativas artísticas, literárias e culturais recordarão a vida e obra de Zeca Afonso. O Porto e a Galiza envolver-se-ão noutros actos de homenagem ao cantor, até 1 de Agosto de 2010.
Recentemente, foi editada um fotobiografia com texto de Irene Flunser Pimentel, pela editora Círculo de Leitores (2009), cuja capa reproduzimos parcialmente. Em pelo menos duas circunstâncias a autora dá nota das relações deste "cantor comprometido" com a vila de Ponte de Lima.
A primeira quando se refere ao avô materno, Domingos José Cerqueira (1870-1927). Nascido em Ponte de Lima, este professor exerceu na vila, quer como professor livre quer professor oficial, e foi autor da Cartilha Escolar (1912). Sobre ele escrevemos em 2005, na edição impressa de O Anunciador das Feiras Novas. No livro a que nos temos vindo a referir, transcrevem-se algumas palavras de Zeca Afonso relativas a este seu ascendente, que reproduzimos: "[era] um maçon de Aveiro, republicano, um gajo daqueles bigodudos, que esteve ligado a um movimento importante de renovação escolar (...) introduziu o culto da árvore nas escolas e chegou a fazer uma "cartilha", a segunda, depois da Cartilha Maternal de João de Deus" (p. 19).
A segunda referência, surge na árvore genealógica (p. 192) onde podemos verificar que a linha de parentesco materna está indelevelmente associada a Ponte de Lima. Sua mãe, Maria das Dores Dantas Cerqueira nasceu na vila, em 1901, e toda a sua ascendência nasceu nas margens do Lima. Um segundo avô de Zeca Afonso era um cocheiro, outro nascera em São Martinho da Gandra; um dos terceiros avós era vendedeiro e comerciante. Uma das segundas avós era uma jornaleira nascida em Arcozelo, assim como uma das terceiras avós.
Esta relação familiar, do meu ponto de vista, é mais um motivo para os agentes culturais da vila estabelecerem, através de algumas iniciativas, uma ligação entre as figuras da cultura nacional e a vila de Ponte de Lima.

segunda-feira, julho 20, 2009

domingo, julho 19, 2009

Exposição sobre Aleixo de Queiroz Ribeiro



Com o título de “Aleixo de Queiroz Ribeiro, Entre a Europa e a América, um percurso controverso e singular”, foi inaugurada uma exposição na Galeria do Museu de Arte e Arqueologia de Viana do Castelo sobre o escultor responsável, entre outras obras, pela imagem do Sagrado Coração de Jesus do Templo de Santa Luzia. A mostra inclui o busto de Vasco da Gama colocado no jardim do Convento de Refoios do Lima. Voltaremos ao assunto, depois de uma visita ao referido espaço de exposição.

quinta-feira, julho 02, 2009

Festival de Ópera e Música Clássica de Ponte de Lima

Começando no próximo dia 11 de Julho, a edição deste ano do Festival de Ópera e Música Clássica de Ponte de Lima, conta com a presença, entre outros, da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, o Doppio Ensemble, o Quarteto Lopes Graça, London Bridge Ensemble e do Quorum Ballet. Encerra dia 18, com um programa russo executado por orquestra e cantores.

quarta-feira, junho 17, 2009

Festival Internacional de Jardins, 2009

Algumas imagens como "aperitivo" para uma visita... com tempo!

terça-feira, junho 16, 2009

quinta-feira, junho 11, 2009

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terça-feira, junho 09, 2009

segunda-feira, junho 01, 2009

Integrando o programa da Feira do Livro de Ponte de Lima, certame a decorrer até 7 de Junho, na Expolima, no próximo dia 6 de Junho, pelas 17 horas, será apresentado o livro "Figuras Populares de Ponte de Lima", de Luís Dantas. Os trabalhos realizados pelo autor, quer nesta temática quer noutras, auguram um livro marcante. Entretanto, hoje foi dado a conhecer, em sessão própria, o livro Viajar com... António Feijó, de José Cândido Martins. O programa da Feira inclui outras apresentações, como pode ver aqui.

A Cidade do Sonho

[...]

Se o teu ânimo sofre amarguras na vida,
Deves empreender essa jornada louca;
O Sonho é para nós a Terra Prometida:
Em beijos o maná chove na nossa boca...

[...]

António Feijó
Sol de Inverno (1915)

terça-feira, maio 26, 2009

Para que serve um areal?

A recente intervenção no areal suscitou alguma perplexidade. Perdidos os usos forjados por séculos de história, à excepção da feira, parecem ter sumido as razões para manter aquele espaço como um simples areal. Este não é o meu ponto de vista. O areal é um objecto de natureza, formado por processos de sedimentação hidráulica. Desde logo, o areal conta-nos uma história natural, a da evolução dos elementos físicos, do devir da Natureza. Ponte de Lima merece muito do seu encanto à capacidade que os homens foram demonstrando, ao longo de séculos, de ligar a construção humana à forma primeva. Por outro lado, a sua configuração enquanto espaço urbano resultou de uma relação estreita com o rio, adaptando-se às mudanças impostas pela correnteza das águas e pelas areias (veja-se, por exemplo, a implantação das pontes romana e medieval). O areal sendo elemento natural é, também, coisa construída, testemunho de permanências e memórias. Não consideramos que salvaguardar a memória implique sempre acentuar as permanências. Contudo, não podemos deixar de notar que, perdidas muitas das funções tradicionais do areal (espaço de brincadeira, lugar de corar e estender roupa…) e sendo manifesta a inapropriada colonização pelos automóveis, resta a presença de uma forma. O areal tem, actualmente e do meu ponto de vista, na forma geral da vila uma função essencial: permitir a entrada de ar e de luz, permitir a respiração, e, dessa forma, suscitar a compreensão de um certo telurismo que justifica muitas das características de Ponte de Lima. Nessa medida, o areal deve ser sempre simples areal, um espaço público que nos permita fruir os elementos naturais, o casario, a ponte, o horizonte, as montanhas e o céu, sem intrusões visuais significativas ou intervenções que nos façam esquecer todo o espaço envolvente. Um areal, assim entendido, valoriza o edificado, dando-lhe monumentalidade. Um areal, assim sem outra função, reconduz Ponte de Lima às suas origens.

segunda-feira, maio 25, 2009

sexta-feira, maio 22, 2009

Conheça o programa da Feira Medieval.

terça-feira, maio 19, 2009

Museu dos Terceiros na web

Recomenda-se a visita ao sítio virtual do Museu dos Terceiros. Para além das informações gerais (horários, descrição das exposições temporárias e permanente...) e dos regulamentos (de visita e acesso a serviços), o visitante encontra o inventário, com um sistema de pesquisa simples, permitindo uma recuperação da informação ágil. Iniciativa louvável!

segunda-feira, maio 11, 2009

Pensando o aformoseamento da Montanha de Santa Maria Madalena

Como as estradas e os caminhos têm estórias e histórias (que, notemos, seria interessante recolher e estudar), aqui deixamos a notícia do estudo de abertura daquela que liga a vila ao Monte de Santa Maria Madalena. Sobre esta montanha e seu arranjo é obrigatória a leitura dos textos escritos pelo Padre Manuel Dias. Quanto à notícia, faz esta semana oitenta e seis anos que foi publicada. Com efeito, em Maio de 1923, a imprensa local noticiava o início dos trabalhos da "Comissão promotora do aformoseamento da montanha de Santa Maria Madalena", tendo realizado a "medição e estudo dos terrenos para a abertura do ramal de estrada para o alto da mesma". Escrevia o jornal Rio Lima (na edição de 13 de Maio) que "os srs. João Rodrigues de Morais e José Francisco de Amorim, aderam gratuitamente as suas propriedades, ali existentes, o terreno necessario para o córte da estrada, sendo de esperar que os demais proprietários lhe sigam o exemplo que é digno dos nossos melhores encomios". A referida notícia registava, ainda, que António Silva Barros se prontificara a fazer o estudo e traçado da estrada gratuitamente.

quinta-feira, abril 23, 2009

A vila em dia de feira (1901)

"... mas por ahi um pittoresco formigueiro de feirantes que iam e vinham num bulicio admiravel e num pardalar que azoinava. Aqui e além estadeavam-se os raros que, indifferentes á grande lucta pela vida, se inebriavam num invejavel dolce far niente; e pouco a pouco uns e outros foram abalando, mas sómente ao expirar do dia ficou esta villa na sua normal pacataz" (A Semana, 16 de Março de 1901).

sábado, abril 11, 2009

Doce Páscoa

Há gestos, imagens e objectos - portadores de memória - que nos levam ao comércio tradicional.

quinta-feira, abril 09, 2009

Afinidades Secretas de António Feijó

Contemplemos o tronco envelhecido. A custo
Nasce aquele renovo, e a todos os momentos
Alimenta-se e cresce e chega a ser arbusto,
Com os ramos cobrindo os galhos corpulentos
Do carcomido tronco...

A senectude austera,
Com grinaldas de musgo e com abraços de hera,
Trabalha e sofre e luta arrebatando a seiva,
Com a raiz cravada à produtiva leiva,
Para dar vida à infância!

Olhando o grupo eu cuido
Que prende a Natureza o mesmo estranho fluido;
Que no tronco e no arbusto e no reptil e na ave
Existe alguma coisa humamente suave,
Como no homem existe um pouco desse instinto
Da pantera ferida e do leão faminto...
António Feijó

quarta-feira, abril 01, 2009

Parece-lhe familiar?...

"Em Portugal ha, neste momento, três raças distintas: a dos que procuram trabalhar e produzir o mais que podem, a dos que ambicionam fazer o menos que podem e a dos que procuram impedir, com a mais obstinada das teimosias, todo o trabalho útil e todo o esforço profícuo e criador." (Cardeal Saraiva, 23.09.1920).

"Parece que uma onda de loucura invadiu as classes dirigentes, onda que vem chocar-se com uma outra de revolta que se vem avolumando pela anarquisação da sociedade, onde a fome principia a fazer sentir os seus horrores (...)" (Cardeal Saraiva, 2.09.1920).

segunda-feira, março 09, 2009

Sobre uma pedra tumular

Na apresentação do livro Figuras Limianas foi projectada a imagem de um túmulo, julgo que no Oriente, onde para além do nome do sepultado surge a menção à sua naturalidade – Ponte de Lima. Não me interessa, neste momento, nomear a figura nem precisar o local do sepulcro. Interessa-me o gesto, a condição.
Deixar-se assim epigrafar é uma forma de revelar a condição de migrante. Como dizia Miguel Torga o emigrante é um contrabandista da linha equatorial da vida. Balançando entre o torrão natal e o torrão adoptado, passa a ser um ser híbrido, recebendo da vida, no dizer do escritor, a marca indelével da permanente inquietação. Tenha ou não regressado à sua terra natal, aquele homem manifestou a divisão entre duas pátrias, dualidade que tanto é um imperativo moral como um estigma de condenação. Essa é a riqueza de uma obra como as Figuras Limianas: dar a conhecer experiências de vida, descobrir o Outro, ainda que no Passado. Nessa pesquisa há um encontro connosco, com a nossa identidade. É óbvio que naquelas páginas não está representado o turbilhão de experiências dos homens desta região. É certo que ao lado destes “factos históricos” é justo colocar, como diz José Mattoso, o “suspiro de amor” ou o “nascimento de uma criança”, desde que não se perca o sentido da globalidade. Mas também se justifica dizer que aquelas figuras não estão ali para serem julgadas – a História não serve para julgar os Homens, mas para enriquecer o nosso interior pela compreensão e conhecimento daquilo que fomos e somos. Devemos, pelo contrário, reconhecer-lhes os limites, as qualidades e os defeitos. Mesmo que nos soe a estranho devemos estar abertos ao que nos diz. Recebemos lições da história quando reconhecemos a alteridade. Isso não quer dizer que devemos ser complacentes com tudo. Não podemos é atribuir aos nossos valores uma objectividade que legitimaria colocarmo-nos num patamar de superioridade. A emissão de juízos morais sobre as figuras do Passado é uma fragilidade. Nem sempre na História encontramos o Humanidade com que sonhamos; nem sempre a nossa abertura ao Outro se revela uma “história de amor”.
Voltando à lápide. Muito mais agarrado ao tempo e ao espaço do que o homem da actualidade, aquele indivíduo procurar diluir as fronteiras numa inscrição. De alguma forma diz-nos que sendo naquela terra, há um outro lugar onde se gostaria de inscrever. O muito próximo não é sinónimo de muito importante. Na verdade, não sei se são mais importantes os arbustos humanos plantados no chão onde nasceram, voltando a usar as palavras de Torga, ou aqueles que vivem a experiência do estilhaço. Não sei qual das duas é mais reveladora de amor à mãe geográfica (outra vez, Torga); sei, pois assim me mostram os homens do passado e os do presente, que é uma situação dolorosa, a de viver dividido entre duas pátrias.
Há um limiano contemporâneo, que na sua escrita deixou transparecer bem a experiência destes homens que partem e regressam (sob as mais diversas formas), Amândio Sousa Dantas: no regresso não regressamos / mudou o tempo e nós mudamos / e não se volta ao que deixamos (…).
[citamos, Miguel Torga - Ensaios e Discursos. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2001, 169-180; Amândio Sousa Dantas - Emigrar na Primavera. Edição de autor, 1991, 46]

sábado, março 07, 2009

[reprodução do artigo publicado no jornal "A Aurora do Lima", de 18.08.1972, assinado por A.[ugusto] C.[astro] S[ousa]]

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

O Lima de Camilo Castelo Branco

(...)
Vai o leitor pasmar-se daquelas bem-aventuradas margens do Lima. Entra comigo em Viana, na louçã namorada do oceano, naquela esquiva formosa que vacila entre deixar-se amar das ondas, que lhe beijam os pés, ou dos arvoredos que lhe enramam a fronte. Agora, vamos neste barquinho rio acima até Ponte de Lima. Não se me fique arrobado neste ondear de esmeralda que a viração balança, que receio me deixe ir sozinho em procura do brasileiro. Aquilo são bosques, que escondem moitas arrelvadas, e meandros de fontes, e amores de aves, e amores de damas castelãs, que por ali se escondem mais conhecidas das estrelas que nossas, e mais conhecidas ainda dos faunos ilustrados do sítio que das estrelas.
Aqui estamos na velha Ponte. Iremos por terra a Valença que é um ir sempre ao debaixo de abóbadas de verdura.

Camilo Castelo Branco, Noites de Lamego.

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Um catálogo para um espaço em MUT(E)ação

O ano que findou foi fértil no campo editorial, em Ponte de Lima. Constatamos uma regularidade de apresentações inédita e vislumbramos trabalhos com qualidade. Relativamente sombreado pela exposição mediática atribuída à inauguração do Museu dos Terceiros, esta inteiramente justa, o Catálogo do Museu dos Terceiros tomou a estante dos apreciadores da(s) arte(s), dos interessados na museologia e dos visitantes amantes da cultura.
Um catálogo é, por definição, um rol ordenado de elementos classificados. No caso, é um registo do acervo do património das igrejas de Santo António dos Frades e Ordem Terceira, hoje designado por Museu de Arte Sacra dos Terceiros (MUTE), onde se inclui a estatuária, a azulejaria, a pintura, o mobiliário, os altares e retábulos, as alfaias litúrgicas e outros objectos.
O trabalho cumpre com qualidade a função descritiva dos objectos acrescentando, em diversas circunstâncias, uma preocupação em determinar o responsável pela encomenda, o contexto da sua decisão e uma explicação da simbologia. Utilizando uma linguagem ajustada à tipologia descrita, o autor do texto, José Velho Dantas, revela o cuidado de nos fornecer elementos interpretativos, alicerçando o seu discurso em fontes documentais e bibliográficas.
Catalogar é um exercício fulcral para a preservação e divulgação do património. Tornou-se banal afirmar que só amamos o que conhecemos. Por detrás do chavão está uma verdade insofismável. Leio hoje, num artigo de Matilde Sousa Franco, que o lema de António Sérgio era a frase da mística Santa Catarina de Sena: O intelecto nutre o afecto. Quem mais conhece mais ama; e mais amando mais gosta. A publicação deste catálogo serve o conhecimento e faz-nos olhar para o MUTE de outra forma. Durante muito tempo aquele local foi albergue de interessantes exposições; nesse aspecto, o Museu não rompe com uma tradição recente de apropriação do espaço. Contudo, quantas vezes nos escapou a riqueza patrimonial que ficava na sombra dos painéis e dos objectos temporariamente expostos? O catálogo tem o mérito de dar a conhecer esse património, agora recuperado e conservado.
Um catálogo é um instrumento de acção. Cremos que, a partir dele, será necessário construir outros meios de divulgação, ajustados aos perfis dos visitantes. Quando visitamos o MUTE, ainda decorria a exposição temporária “Santeiros de Ponte de Lima”, percebemos que as bases para esse trabalho estão criadas (recordo uma simpática mascote). É preciso ensinar a ver (não só os públicos jovens!), criando guias que nos “obriguem” a explorar o MUTE para além de uma abordagem mais “panorâmica”.

[Catálogo do Museu dos Terceiros. Coordenação: Carlos Brochado de Almeida. Textos de José Velho Dantas. Fotografia de Amândio de Sousa Vieira. Edição: Município de Ponte de Lima, 2008.]

domingo, janeiro 25, 2009

Ponte de Lima nos "Oscares do Turismo português"

A Feira do Cavalo de Ponte de Lima mereceu uma menção honrosa, na categoria de "Animação & Eventos", na 4ª edição dos Prémios Turismo de Portugal 2008. A entrega dos referidos prémios teve lugar, na semana finda, na abertura oficial da Bolsa de Turismo de Portugal (BTL). Segundo a reportagem do jornal Público (Fugas, 24.01.2009), houve 132 candidatos, sendo 67 do sector público e 65 da área da iniciativa privada. O prémio procura destacar os projectos "que mais contribuíram para uma maior notoriedade de Portugal como destino turístico de excelência". A lista completa pode ser conhecida na página do Ministério da Economia e da Inovação/Turismo de Portugal.
A menção honrosa que distinguiu a Feira do Cavalo é o reconhecimento de um trabalho que, desde os seus primeiros momentos de vida, se revelou de qualidade. Aproveitando um equipamento urbano versátil, com uma arquitectura que soube conciliar a realidade envolvente e a intervenção humana, a Feira apresentou um programa diversificado e com qualidade, capaz de satisfazer o público mais exigente e o simples amante da vida animal. Acima de tudo, (re)coloca o homem em contacto com a Natureza; (re)lembra a rica simbiose entre o animal e o humano.
É interessante notar que, nesta categoria, a par deste evento mereceu a mesma classificação o "veterano" Festival Internacional do Porto - Fantasporto e que o vencedor tenha sido o Red Bull Air Race World Series (realizado no Porto/Gaia). Trata-se, quer num caso quer noutro, de eventos com uma expressão mediática difícil de ultrapassar. Contudo, mais do que "enchentes" fugazes e "primeiras páginas", interessa a Ponte de Lima o desenvolvimento de projectos regulares, sustentáveis e que se ajustem à realidade natural, antropológica e histórica local.
O prémio servirá, indubitavelmente, de alento à organização da III Feira do Cavalo, agendada para os dias 25 a 28 de Junho de 2009 (cujo cartaz reproduzimos).

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Alfredo Cândido, caricaturista das "verdes margens do Lima"

[Caricatura de Alfredo Cândido, O Vira, n.º 4, 22 de Março de 1906, retirado de Blog da Rua Nove]

Por estes dias, enquanto realizava uma pesquisa, cruzei-me com um conjunto de referências a páginas e blogs onde se menciona Alfredo Cândido, caricaturista nascido em Arcozelo. Sendo este um espaço de partilha, deixo as ligações para uma nota biográfica redigida por Luís Dantas, um conjunto de posts do Blog da Rua Nove, que incluem a reprodução de várias caricaturas, e o resultado de uma exposição intitulada Recordando Portugal em antigos bilhetes postais (a partir da colecção de Klaus WernerGruner), que dedicou o painel 8 à caricatura política de Alfredo Cândido.

terça-feira, janeiro 13, 2009

Dario Niccodemi no Teatro Diogo Bernardes

Em Maio de 1923, o jornal "Rio Lima" noticiava a apresentação no Teatro Diogo Bernardes da peça, em três actos, "A Migalha", da autoria de Dario Niccodemi (1874-1934). Dario Niccodemi nasceu na cidade de Livorno e iniciou a sua actividade teatral na Argentina, para onde emigrou, com a sua família. Regressou à Itália em 1915, fundando, seis anos depois, uma companhia de teatro, a primeira a representar Seis personagens à procura de um autor (1921), de Luigi Pirandello (1867-1936).
[Cf. Rio Lima, 27 de Maio de 1923, nº 21, Ano 1. Na imagem: Dario Niccodemi]

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