terça-feira, maio 27, 2008

Notas sobre a verdade em História (II)


A história é sempre escolha. Como notou Christopher Blake há, nos usos quotidianos da palavra “objectivo”, “uma tendência inegável" para a usar "como um encómio: qualquer jornal é geralmente – para o seu dono – mais objectivo do que o do vizinho”. Acontece que quando afirmamos que os factos são “objectivos”, “que eles falam por si”, estamos a incorrer no erro. Como escreveu Carr, “os factos só falam quando o historiador chama a atenção para eles”. Crer que os factos por mim coligidos são um corpo puro e sólido, objectivo e independente do acto e da vontade do recolector é um engano. A verdade em história não se faz pela afirmação de que reunimos um corpo de factos inquestionável. Em história é maior o trabalho daquele que nega uma mole de factos banais para evidenciar um facto significativo.

[continua]

segunda-feira, maio 26, 2008

Notas sobre a verdade em História (I)


R. Collingwood, num texto clássico do pensamento sobre a História, afirma que há uma espécie de história, que é “construída com base na extracção e combinação dos testemunhos de diversas fontes” e que designa por “história de cola e tesoura”. Esta forma de história vive a ilusão de aceder a um conhecimento cem por cento objectivo, onde o papel do historiador é silenciado. As fontes têm a verdade inscrita, salvo se se verificar que estamos perante uma falsificação. A verdade resultaria, assim, do somatório dos factos organizados numa narrativa homogénea e convincente. Esta história esquece que as fontes não conservam a verdade. Desde logo, os caprichos da vida natural e humana fizeram com que tenham “desaparecido” muitos eventos históricos. Com efeito, o que nos foi legado é, desde logo, uma selecção produzida pela própria história da Humanidade. Os contemporâneos dos eventos foram os primeiros a seleccionar. Se o critério para a verdade é o da objectividade, então convém dizer que há muita subjectividade no trabalho do historiador (como no de qualquer outro cientista).

[continua]

domingo, maio 18, 2008

Arquitectura em Ponte de Lima (XI)

Destacamos a última edição da revista Arquitectura Ibérica que, para além do novo grafismo, do novo logótipo e da alteração de formato, é dedicada a João Álvaro Rocha, arquitecto responsável pelo projecto da Casa do Turismo. Alguns esboços, fotografias interessantes e a reprodução de parte da memória descritiva daquele projecto compõem as páginas reservadas à Casa do Turismo. A compreensão de qualquer projecto implica sempre ouvir o seu autor. João Álvaro Rocha fala de um corpo (o corpo superior) que mais não é que "uma simples janela sobre a vila e sobre o rio" (pág. 110). Uma abertura para o rio, diriamos nós, mais não é do que o cumprimento de um desígnio histórico da vila - a manutenção de uma relação estreita com o curso de água que lhe dá nome.

sábado, maio 10, 2008

Vaca das Cordas

Notícia publicada no jornal A Aurora do Lima, em 19 de Maio de 1972, assinada por A.C.S [Augusto de Castro e Sousa]. Fotomontagem usando desenho de Araújo Soares. A edição da Vaca das Cordas 2008 terá lugar no dia 21 de Maio, estando patente na Biblioteca Municipal de Ponte de Lima, uma exposição sobre este evento, que inclui, entre outro material documental, os cartazes que o anunciaram ao longo dos últimos anos e um considerável conjunto de fotografias, algumas de particular interesse.

quinta-feira, maio 01, 2008

Cardeal Saraiva no primeiro Serão de História Local

No próximo dia 9 de Maio, o auditório da Biblioteca Municipal de Ponte de Lima acolherá o Professor Doutor Luis António Oliveira Ramos, Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, um dos especialistas nacionais em História Moderna e Contemporânea, com uma extensa bibliografia (se a quiser conhecer carregue aqui) dedicada, particularmente ao Iluminismo e ao Liberalismo. Inaugurará os serões de História Local, interessante iniciativa promovida pelo Pelouro da Cultura do Município, com uma intervenção sobre Frei Francisco de S. Luís Saraiva (veja uma nota biográfica disponível no sítio do Centro de Estudos do Pensamento Político, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa). Deixo aqui duas ligações a artigos, disponíveis na rede, escritos pelo professor Oliveira Ramos: Cardeal Saraiva e o ensino da matemática e os beneditinos e a cultura, com referências ao cardeal limiano. Para os interessados na obra desta ilustre figura, nascida em Ponte de Lima na segunda metade do séc. XVIII, aqui fica o acesso à versão digitalizada da "Memoria em que se pretende mostrar, que a lingua portugueza não he filha da latina, nem esta foi em tempo algum a lingua vulgar dos lusitanos ", publicada em 1837. Por fim, e proveniente da mesma base (Biblioteca Nacional Digital), uma litografia com o retrato do Cardeal, de 1866.

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