Publicamos o trabalho, com o título em epígrafe, que nos foi remetido por Carlos Gomes, regular e profícuo colaborador da revista "O Anunciador das Feiras Novas", a propósito do lançamento do mais recente livro de Cláudio Lima. Abertos à colaboração, não deixaremos de publicar tudo aquilo que, de acordo com a nossa linha editorial, possa ser um contributo para o tratamento e a reflexão de assuntos associados à vida cultural de Ponte de Lima. Obrigado Carlos Gomes por aceitar este desafio de partilha.
Itinerarium III ou a poesia segundo Cláudio Lima
“Itinerarium III” é o mais recente livro de poemas que Cláudio Lima acaba de publicar, o qual encerra uma trilogia poética que o autor iniciou, já lá vão doze anos. Rebelando-se contra o que considera mistificações e equívocos que se apresentam com o rótulo de poesia, recusando tutelas e dogmas estéticos, o poeta encontrou uma passagem para a verdade que existe na poesia, o caminho para a claridade dos sentidos. Ele próprio o afirma num dos seus poemas: “não busques o efeito nebuloso / no teu verso. / cultiva a claridade / de cada palavra / mesmo as de textura / mais opaca. / aprende que é em ti / que pode acontecer / a definitiva noite / do poema. / olha que a prolixidade é um desvio / premeditado e parvo / dos medíocres”.
Com uma indescritível riqueza vocabular que confere maior expressividade às metáforas por si criadas, o poeta busca nas palavras a cor e a densidade que as caracteriza, alternando ritmos e musicalidade. Cláudio Lima revela-se, afirmativamente, um dos mais notáveis poetas alto-minhotos da actualidade, o qual nos reservará por certo, num futuro próximo, novas e mais agradáveis surpresas.
Com considerável obra publicada, sobretudo no domínio da poesia, Cláudio Lima possui ainda vasta colaboração literária espalhada em jornais e revistas também no Brasil e Angola, também nas áreas da ficção, da diarística e da crítica literária, fazendo muitos dos seus trabalhos parte integrante de antologias e obras colectivas. Em 1997 realizou na Casa do Concelho de Ponte de Lima uma conferência alusiva aos cinquenta anos de actividade literária do escritor João Marcos, a qual se encontra publicada em livro. Publicou ainda “A Foz das Palavras”, “Por aqui não é passagem”, “Itinerarium”, “Itinerarium II”, “Maçã pra Dois”, “Vate do Reino”, “Arte de Amar Ponte de Lima”, “Os Morros de Nóqui” e “Um rio de muitas luzes”. Cláudio Lima é o pseudónimo literário de Manuel da Silva Alves, natural de Calvelo, em Ponte de Lima. Possui o curso de filosofia dos seminários franciscanos e, como a maior parte dos jovens da sua geração, viveu a experiência da guerra, tendo sido mobilizado para o norte de Angola, entre 1967 e 1969. Actualmente encontra-se radicado em Braga e é um assíduo colaborador da imprensa da nossa região. Para aguçar o apetite dos leitores para a poesia de Cláudio Lima, deixamo-los com o “soneto do meu desejo”, um dos poemas inserto no livro que acaba de publicar.
daria a minha vida por um verso
que fosse da vida o ápice perfeito
- um verso que não coubesse no universo
fosse embora à medida do meu peito
um só verso luzindo no disperso
desconserto do mundo insatisfeito
que fosse da maldade o puro inverso
e fosse do amor o belo efeito
dez sílabas medidas e não mais
para atestar o desejado enlace
do verbo com o ser, núpcias reais
um verso que esculpisse a exacta face
da esfinge esquiva aos édipos mortais
- um só verso que fosse, mas ficasse
Com considerável obra publicada, sobretudo no domínio da poesia, Cláudio Lima possui ainda vasta colaboração literária espalhada em jornais e revistas também no Brasil e Angola, também nas áreas da ficção, da diarística e da crítica literária, fazendo muitos dos seus trabalhos parte integrante de antologias e obras colectivas. Em 1997 realizou na Casa do Concelho de Ponte de Lima uma conferência alusiva aos cinquenta anos de actividade literária do escritor João Marcos, a qual se encontra publicada em livro. Publicou ainda “A Foz das Palavras”, “Por aqui não é passagem”, “Itinerarium”, “Itinerarium II”, “Maçã pra Dois”, “Vate do Reino”, “Arte de Amar Ponte de Lima”, “Os Morros de Nóqui” e “Um rio de muitas luzes”. Cláudio Lima é o pseudónimo literário de Manuel da Silva Alves, natural de Calvelo, em Ponte de Lima. Possui o curso de filosofia dos seminários franciscanos e, como a maior parte dos jovens da sua geração, viveu a experiência da guerra, tendo sido mobilizado para o norte de Angola, entre 1967 e 1969. Actualmente encontra-se radicado em Braga e é um assíduo colaborador da imprensa da nossa região. Para aguçar o apetite dos leitores para a poesia de Cláudio Lima, deixamo-los com o “soneto do meu desejo”, um dos poemas inserto no livro que acaba de publicar.
daria a minha vida por um verso
que fosse da vida o ápice perfeito
- um verso que não coubesse no universo
fosse embora à medida do meu peito
um só verso luzindo no disperso
desconserto do mundo insatisfeito
que fosse da maldade o puro inverso
e fosse do amor o belo efeito
dez sílabas medidas e não mais
para atestar o desejado enlace
do verbo com o ser, núpcias reais
um verso que esculpisse a exacta face
da esfinge esquiva aos édipos mortais
- um só verso que fosse, mas ficasse
[Texto de Carlos Gomes]
1 comentário:
É um escritor fora do comum - para mim, um fora de serie...tem um estilo forte e perturbante.
A sua poesia sacode-nos.
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