Em Março de 1888, deflagrou um incêndio no Teatro Baquet, no Porto, que vitimou dezenas de pessoas, produzindo na opinião pública um sentimento de tragédia. Não era a primeira vez que ocorria um incêndio numa sala de teatro naquela cidade. Alguns anos antes, em Julho de 1875, o Teatro da Trindade ficou reduzido a cinzas. Estes acontecimentos alertaram a opinião pública e as autoridades, quer do poder central quer dos municípios, para os problemas de segurança nestes espaços de cultura e divertimento. Ponte de Lima não ficou alheia a esta preocupação. Em 1879, a Câmara Municipal de Ponte de Lima, tendo "sido annunciado no dia de hontem no Commercio do Lima bailes públicos no Teatro de Dom Fernando" e "estando o mesmo fichado á annos pelo motivo de que pode darse um caso de insendio", solicitava ao Administrador do Concelho que tomasse as medidas necessárias para "não consentir taes bailes no mesmo Theatro” (Arquivo Municipal de Ponte de Lima, Livro de actas camarárias, 6 de Fevereiro de 1879). Na sequência da tragédia no Teatro Baquet, foi publicada uma portaria que estabelecia a realização de inspecções e a concretização de obras por parte dos proprietários dos edifícios onde se realizavam espectáculos cénicos. Impressionado pelos acontecimentos, o editorialista do jornal "A Voz do Lima" publicava, no dia 28 de Março, um artigo onde se defendia que o Teatro D. Fernando constituía um perigo. Dizia-se que "o nosso theatro, pequeno e acanhado, com uma sahida apenas, com uns corredores por onde só cabe uma pessoa, n'um caso de sinistro, será o causal de tudo lá ficar". Numa edição posterior (11 de Abril), o jornal reconhecia que não tinha clamado "no dezerto" a sua "voz quando fallamos em que se devia ser condemnado, expropriado até, o nosso pequeno Theatro D. Fernando". Para o autor daquelas linhas, não bastaria encerrar o espaço - "outros dias, outras politicas, empenhos valiosos e lá teremos o mesmo perigo" - era necessário que Ponte de Lima se empenhasse na "completa extincção do theatro" e na construção de um outro "em melhores e mais seguras condições". Perfilhava-se um caminho para o nascimento do novo teatro em Ponte de Lima - o Teatro Diogo Bernardes.
[fontes: Arquivo Municipal de Ponte de Lima e jornal "A Voz do Lima"]
[foto: Teatro Baquet, gravura, Nogueira da Silva, 1863 in Arquivo Pitoresco, v. VI, Lisboa 1863, p. 257]
[fontes: Arquivo Municipal de Ponte de Lima e jornal "A Voz do Lima"]
[foto: Teatro Baquet, gravura, Nogueira da Silva, 1863 in Arquivo Pitoresco, v. VI, Lisboa 1863, p. 257]
1 comentário:
Tomando o caso do Teatro D. Fernando como lição para o futuro ou melhor, para o presente, será que actualmente são providenciadas as medidas possíveis com vista a evitar uma eventual tragédia em edifícios históricos do concelho de Ponte de Lima ou na parte antiga da vila ?
Faço votos para que este blogue venha a ser mais participado !
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