sexta-feira, maio 04, 2007

Uma exposição "automatica e scientifica" em Ponte de Lima_1891

Em Junho de 1891, Francisco François fazia chegar à imprensa local limiana a notícia da construção de um barracão onde pretendia expôr "tudo o que ha de bello para uma exposição, automatica e scientifica e em que figura a maravilhosa oleoptica da grande exposição de Pariz de 1889" (A Voz do Lima, 18.06.1891, nº 252, 5º ano) . Os habitantes da vila podiam admirar, pela quantia de 60 réis:
"Domador de serpentes,
2º A entrada da rapariga no convento de Jesuitas,
3º Resygnação de Cleopatra, martyr do rei de Roma Marco Antonio,
4º A grande floresta (grande surpresa),
5º Musica automatica piano,
6º Madame Ratazzi (á vol d'oiseau),
7º Grande Valtz, executado pelo marquez e marqueza no tempo de Luiz XIV,
8º A rainha das aguas,
9º A rainha do Congo,
10º O grande Leotard, artista frencez,
11º A grande dama da Côrte,
12º A grande collecção (automatica) de passarinhos cantando,
13º Scena comica e transformação de physionomias (surpreza a mais linda e divertida que se pode imaginar),
14º Vista á roda do mundo representada pela artlota Sarah Bernhardt" [actriz francesa, cujo verdadeiro nome era Henriette-Rosine Bernard (1844-1923)].

A exposição, "que tão viva sensação produziu na cidade do Porto e Lisboa", lê-se no anúncio, procurava capitalizar o sucesso da Exposição de Paris de 1889, que ficou conhecida, entre outros aspectos, pela Torre Eiffel, construção efémera que passou a definitiva, marcando indelevelmente a cidade de Paris [ver vista geral da Exposição Universal de Paris, de Hoffbaur/Dochy, 1889, reproduzida a partir de A Ilustração]. A primeira Exposição Universal realizara-se cerca de meio século antes, na cidade de Londres, em 1851. Ambas são manifestação de um mundo emergente, onde pontificam a indústria, a tecnologia e a ciência. Note-se que a Torre da autoria de Gustave Eiffel foi projectada e construída como um mero exercício demonstrativo das capacidades das novos sistemas e processos de construção, fazendo uso de novos materiais. Na mesma exposição, terá igual êxito a Galeria das Máquinas, de Charles Dutert e Victor Contamin, que será destruída no primeiro terço do século XX [ver imagem reproduzida].

A edição do jornal A Voz do Lima, de 26 de Junho de 1891 (nº 253, 5º ano), destacará, para "alem de numerosissimos brinquedos com que alli se passa admiravelmente algumas horas em profunda curiosidade", "uma linda gaiolinha em que trinava um canario embalsamado". Estavamos, portanto, perante um pavilhão de curiosidades.

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