sábado, novembro 10, 2007

Escola de Ponte de Lima em Serralves


A propósito da exposição de Robert Rauschenberg, intitulada Travelling 70-76, visitamos recentemente o Museu de Serralves. Não nos cansamos de frequentar aquele espaço cultural; costumamos complementar a visita ao espaço expositivo e à livraria com um passeio nos jardins. Desta vez, o circuito no roseiral conduziu-nos aos "Jardins Portáteis", um projecto para escolas desenvolvido pelos serviços da Fundação. Entre os trabalhos expostos identificamos a participação da Escola Secundária/3 de Ponte de Lima. Aqui ficam algumas imagens dos "Jardins Portáteis" dos estudantes limianos.














2 comentários:

Anónimo disse...

Só bastante recentemente, as questões ambientais e de defesa do património têm vindo a preocupar a sociedade, a qual vai organizando-se em movimentos cívicos com vista à defesa do património histórico e paisagístico, a edifício de valor arquitectónico - tomando frequentemente os casos de forma isolada e esquecendo na maior parte das vezes a ideia do conjunto e da preservação da memória de uma época -, a cultura musical, artística, literária, etc.
São exemplos notáveis de participação cívica que devem sempre ser acarinhados pois, além do interesse que as causas em si mesmas representam, constituem um meio de valorização da cidadania e da responsabilização dos indivíduos.
Mas, tudo tem o seu tempo de maturação e um dos elementos patrimoniais que ainda não merecem a devida atenção, provavelmente pelo desconhecimento dos conceitos que o determinam, constitui precisamente o jardim.
Para além de representar um espaço de lazer para as pessoas de todas as gerações com os efeitos mais benéficos para o seu bem estar físico e psíquico - lamentavelmente preteridos em benefício dos modernos centros comerciais - o jardim representa de igual forma um conceito estético a identificar os gostos de uma época, a maneira de encarar o mundo e a sociedade. Tal como outra qualquer forma de arte através da qual se manifestam conceitos de ordem estética, também na concepção do jardim se encontra na origem conceitos estéticos, uma certa ideia de arquitectura paisagística que transmite uma ideia e uma mensagem. E, assim temos no nosso país magníficos jardins românticos como o "jardim Guerra Junqueiro", vulgo "jardim da Estrela", em Lisboa, a marcar precisamente uma época bem determinada na qual essa escola se manifestou em diversas áreas da arte e da literatura. Temos, de igual modo, sobretudo em países da Europa central, magníficos jardim ao gosto clássico como sucede com as Tuilleries, em Paris. Recuando na História, encontramos outros exemplares não menos formosos como o jardim romano do qual possuímos uma esplêndida reconstituição em Conímbriga. E por aí adiante...
Nos tempos mais recentes, por encomenda das autarquias, os arquitectos paisagistas têm vindo a conceber uma espécie de jardim que é sobretudo um espaço de diversão e lazer, construídos a pensar sobretudo nas gerações mais jovens, com equipamentos lúdicos destinados a exercícios físicos mais radicais. Trata-se, na realidade, de parques de diversão e não propriamente de jardins, uma vez que na sua construção se encontram sobretudo preocupações de natureza lúdica e raramente de concepção estética.
Existem, contudo, alguns jardins que reflectem já novas preocupações de natureza estética, procurando transmitir novas ideias, naturalmente exprimindo novos gostos e reflectindo uma nova maneira de estar. Combinando a utilização de novos materiais e apresentando uma nova concepção mais moderna, associando o jardim enquanto espaço de lazer a um conceito de parque como área de diversão, cito como exemplo o "Parque dos Poetas" no concelho de Oeiras, nos arredores de Lisboa.
Pretendo com isto alertar para o interesse que constitui o jardim enquanto espaço de lazer dos cidadãos a constribuir para o seu bem estar físico e psíquico como ainda como elemento do património a preservar. Mais ainda, a ser encarado como um desafio às novas gerações com vista à criação de novos conceitos estéticos também neste domínio. A antiguidade de Ponte de Lima que deve indiscutivelmente ser preservada não constitui qualquer limitação à sua modenização, desde que se saibam respeitar os espaços e preservar as memórias que marcaram as diferentes épocas do seu crescimento. O empenhamento dos jovens limianos e a pedagogia das suas iniciativas deveriam merecer uma maior atenção das entidades responsáveis do concelho e de outras associações cívicas, as quais deveriam procurar descortinar o alcance deste género de actividades.
- Bem hajam!

jcml disse...

Há vida para além das notícias que fazem as primeiras páginas e os títulos da nossa imprensa. Não posso deixar de concordar com a necessidade de dar visibilidade a estas pequenas (grandes) iniciativas que, muitas vezes, não são efémeras mas trabalho regular e sustentado. Sempre que delas tivermos conhecimento daremos notícia.

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