sexta-feira, setembro 14, 2007

As Feiras Novas e "O Anunciador"_1947

Na edição de 16 de Setembro de 1947, o jornal vianense "A Aurora do Lima" (ano 92º, nº 92) referia-se às Feiras Novas, afirmando que "Ponte de Lima, (...) goza e diverte-se". Para o jornalista "o forasteiro vê panoramas deslumbrantes e monumentos grandiosos" e "subindo à Madalena, fica extasiado com o que ante os seus olhos se descortina". Acrescenta que "além disto que muito superficialmente apontamos, encontra no local da Feira barracas com bons acepipes e com óptimas recordações". E encerra notando que "com certeza que também por lá cairá a praga dos alto-falantes, anunciando "panelas" ou "paneladas". Na mesma edição, há uma referência ao primeiro número de "O Anunciador das Feiras Novas" (Setembro, 1947, ano I, nº 1) nestes termos: "publicação anual, insere magnifica colaboração e bons annuncios, que são o essencial para o bom resultado deste genero de propaganda". Passam 60 anos sobre a primeira edição da revista (hoje em segunda série e com 24 edições anuais ininterruptas) que dá nome a este blogue. Era seu editor Augusto Castro e Sousa.

3 comentários:

Anónimo disse...

É interessante anotar que já nessa altura o articulista protestava contra aquilo a que chamava de "praga dos alto-falantes"...
Com efeito, essa observação poderia muito bem constituir o mote para analisarmos a evolução das nossas romarias e o que actualmente se verifica.
Por volta dos anos sessenta, introduziram modificações nos ranchos folclóricos para arregalar os olhos dos turistas. Fizeram subir as saias e rodá-las no rodopio da dança até mostrar as partes mais íntimas, apareceram as chinelas de verniz e a maquilhagem, colocaram botões brancos nos coletes e passaram a usar chapéus à toureiro. E, tudo o que era carasterístico do Alto Minho, passou a designar-se impropriamente "à vianeza"...
Agora temos as romarias seem romaria, os feirantes chineses, os raly paper's, os conjuntos musicais que vêm da Galiza e a música do Abrunhosa, quando não há anglo-saxónica. E depois dizemos que se trata da mais característica romaria do Alto Minho. É claro que estou a fazer uma apreciação global e não propriamente uma análise específica que, se calhar, apesar dos seus méritos, também teria bastantes aspectos a referir.
A própria romaria ao S. joão d'Arga, por muitos considerada a mais genuína ao ponto de não incluir ranchos folclóricos na sua programação, transmite música de gosto duvidoso através dos famigerados "alto-falantes" que já em 1947 o articulista se referia como uma "praga". É caso para pensar!

Micas disse...

Cresci bem no coração da vila mais bonita de Portugal, sou limiana de coração aonde regresso todos os anos. Esta altura do ano é a que sinto mais saudades, já lá vão 5 anos que não passo aí as Feiras Novas :(, por isso adorei ter encontrado este blogue que tanto bem me fez à saudade. um grande Bem Haja.

jcml disse...

Fico sempre grato quando comentam (pela positiva ou negativa) o meu trabalho!... e particularmente quando ele pode significar (re)ligar as pessoas à terra. Conto consigo e com tantos outros limianos que de fora do país usam este espaço para lembrar o torrão natal.

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