segunda-feira, março 12, 2007

A propósito de um cartaz da Rádio Ponte de Lima

A publicação parcial de um cartaz publicitário da Rádio Ponte de Lima serve-nos de mote para mais uma sugestão de trabalho de investigação: a história e sociologia dos media locais.
Com o fôlego de pequenos textos, próprios de um blogue, publicaremos alguns contributos para esse projecto.

3 comentários:

Anónimo disse...

Este cartaz da Radio Ponte de Lima de existência quase efémera, traz-nos á memória esses anos dos finais da década de oitenta do século passado. Com efeito, corria o ano de 1987, se não me engano, quando apareceu em Ponte de Lima a primeira estação de rádio local - a Rádio Ponte de Lima - logo seguida pela Rádio Ondas do Lima. Foi o culminar de uma longa batalha travada por muitos que nas regiões, na imprensa regional, nas autarquias, defendiam o alargamento da liberdade de expressão e a afirmação do regionalismo, da descentralização informativa, do fim do monopólio da comunicação social por parte de apenas duas estações sediadas na capital, uma das quais anos antes absorvera o Rádio Clube Português e os Emissores Associados de Lisboa que, agregando-se à antiga Emissora Nacional, adoptara a designação de RDP que ainda se mantém.
Recordamos o sonho nunca concretizado de um dos mentores da Rádio Ponte de Lima: lançar a emissão de uma estação de televisão regional. projecto que está agora a começar a ser lançado pelo jornal Falcão do Minho. Lembramos ainda as emissões em directo a partir de Lisboa, fazendo a cobertura das iniciativas da Casa do Concelho de Ponte de Lima que, também ela, pouco tempo antes acabara de nascer.
Apesar do seu desaparecimento, a RPL marca um momento histórico para o concelho de Ponte de Lima - o da criação da sua primeira estação de rádio local.
Desde então, muito haveria para dizer acerca das rádios locais. Os projectos que vêm realizando, o contributo para a afirmação da cultura das gentes locais, a divulgação do seu folclore, a resolução de inúmeros problemas. Mas também, em muitos casos, a sua transformação em meros retransmissores das estações nacionais, sem afirmação alternativa, esquecendo os propósitos iniciais e, não raras as vezes, defraudando as populações que apostaram nelas. Um problema naturalmente para reflectir.
A Rádio Ponte de Lima constitui hoje um marco histórico - a rádio Ondas do Lima uma realidade do presente!

jcml disse...

Agradeço o comentário, que, por si, constitui um primeiro contributo para a construção dessa história (por realizar, mas de relevante actualidade) dos media locais nascidos em Ponte de Lima.

Anónimo disse...

Acrescentando algumas ninharias ao comentário inicial, lembro que a Rádio Ondas do Lima (ROL) apareceu na sequência de uma divergência interna verificada na Rádio Ponte de Lima (RPL) cujos motivos desconheço. Os seus iniciadores pertenciam, senão todos a sua esmagadora maioria, à Rádio Ponte de Lima. Creio, aliás, que nesta apenas ficou um dos seus fundadores, cujo nome (sr. Pinto?)actualmente não tenho bem presente na minha memória. O último contacto pessoal que tive com ele foi junto à sua loja de lembranças turísticas, creio que na rua do Pinheiro.
A existência da RPL foi quase efémera, sendo ao que tudo indica o seu desaparecimento sido ditado pela cisão nela verificada. Recordo, aliás, a existência de um certo clima de tensão verificado por ocasião das Feiras Novas, creio que em 1987, com as duas estações radiofónicas fazendo um certo despique para se fazerem notar por ocasião dos festejos.
A RPL era então a única que possuía um correspondente em Lisboa e que chegou a fazer a cobertura jornalística de alguns eventos organizados pela Casa do Concelho de Ponte de Lima, de cuja Direcção era então um dos secretários.
A este propósito, aliás, devo sublinhar a gentileza com que aquela Instituição foi tratada por ambas as estações de rádio limianas.
Relativamente ao cartaz, foi editado por altura do verão de 1987, julgo com o objectivo declarado de ser divulgado sobretudo durante as Feiras Novas daquele ano.

Ainda, por falar de médias locais nascidos em Ponte de Lima, lembro ainda que nesse ano saiu o primeiro e único número da revista "Minho", lançada pelo sr. Mário Leitão. Com uma excelente apresentação gráfica, sobretudo se tivermos em conta os meios então existentes e o panorama da imprensa regional de então, tratava-se de um projecto arrojado que, lamentavelmente, não teve seguimento. Se não me engano, aquela publicação teve uma tiragem de 20 mil exemplares.
Fui um dos convidados para colaborar naquela revista mas não cheguei a publicar qualquer trabalho: a minha primeira colaboração enviada era dedicada à Casa do Concelho de Arcos de Valdevez e incluía fotografias históricas dos começos daquela associação. Destinava-se ao segundo número que nunca chegou a ser publicado.

faces da revista