sexta-feira, janeiro 30, 2009

Um catálogo para um espaço em MUT(E)ação

O ano que findou foi fértil no campo editorial, em Ponte de Lima. Constatamos uma regularidade de apresentações inédita e vislumbramos trabalhos com qualidade. Relativamente sombreado pela exposição mediática atribuída à inauguração do Museu dos Terceiros, esta inteiramente justa, o Catálogo do Museu dos Terceiros tomou a estante dos apreciadores da(s) arte(s), dos interessados na museologia e dos visitantes amantes da cultura.
Um catálogo é, por definição, um rol ordenado de elementos classificados. No caso, é um registo do acervo do património das igrejas de Santo António dos Frades e Ordem Terceira, hoje designado por Museu de Arte Sacra dos Terceiros (MUTE), onde se inclui a estatuária, a azulejaria, a pintura, o mobiliário, os altares e retábulos, as alfaias litúrgicas e outros objectos.
O trabalho cumpre com qualidade a função descritiva dos objectos acrescentando, em diversas circunstâncias, uma preocupação em determinar o responsável pela encomenda, o contexto da sua decisão e uma explicação da simbologia. Utilizando uma linguagem ajustada à tipologia descrita, o autor do texto, José Velho Dantas, revela o cuidado de nos fornecer elementos interpretativos, alicerçando o seu discurso em fontes documentais e bibliográficas.
Catalogar é um exercício fulcral para a preservação e divulgação do património. Tornou-se banal afirmar que só amamos o que conhecemos. Por detrás do chavão está uma verdade insofismável. Leio hoje, num artigo de Matilde Sousa Franco, que o lema de António Sérgio era a frase da mística Santa Catarina de Sena: O intelecto nutre o afecto. Quem mais conhece mais ama; e mais amando mais gosta. A publicação deste catálogo serve o conhecimento e faz-nos olhar para o MUTE de outra forma. Durante muito tempo aquele local foi albergue de interessantes exposições; nesse aspecto, o Museu não rompe com uma tradição recente de apropriação do espaço. Contudo, quantas vezes nos escapou a riqueza patrimonial que ficava na sombra dos painéis e dos objectos temporariamente expostos? O catálogo tem o mérito de dar a conhecer esse património, agora recuperado e conservado.
Um catálogo é um instrumento de acção. Cremos que, a partir dele, será necessário construir outros meios de divulgação, ajustados aos perfis dos visitantes. Quando visitamos o MUTE, ainda decorria a exposição temporária “Santeiros de Ponte de Lima”, percebemos que as bases para esse trabalho estão criadas (recordo uma simpática mascote). É preciso ensinar a ver (não só os públicos jovens!), criando guias que nos “obriguem” a explorar o MUTE para além de uma abordagem mais “panorâmica”.

[Catálogo do Museu dos Terceiros. Coordenação: Carlos Brochado de Almeida. Textos de José Velho Dantas. Fotografia de Amândio de Sousa Vieira. Edição: Município de Ponte de Lima, 2008.]

domingo, janeiro 25, 2009

Ponte de Lima nos "Oscares do Turismo português"

A Feira do Cavalo de Ponte de Lima mereceu uma menção honrosa, na categoria de "Animação & Eventos", na 4ª edição dos Prémios Turismo de Portugal 2008. A entrega dos referidos prémios teve lugar, na semana finda, na abertura oficial da Bolsa de Turismo de Portugal (BTL). Segundo a reportagem do jornal Público (Fugas, 24.01.2009), houve 132 candidatos, sendo 67 do sector público e 65 da área da iniciativa privada. O prémio procura destacar os projectos "que mais contribuíram para uma maior notoriedade de Portugal como destino turístico de excelência". A lista completa pode ser conhecida na página do Ministério da Economia e da Inovação/Turismo de Portugal.
A menção honrosa que distinguiu a Feira do Cavalo é o reconhecimento de um trabalho que, desde os seus primeiros momentos de vida, se revelou de qualidade. Aproveitando um equipamento urbano versátil, com uma arquitectura que soube conciliar a realidade envolvente e a intervenção humana, a Feira apresentou um programa diversificado e com qualidade, capaz de satisfazer o público mais exigente e o simples amante da vida animal. Acima de tudo, (re)coloca o homem em contacto com a Natureza; (re)lembra a rica simbiose entre o animal e o humano.
É interessante notar que, nesta categoria, a par deste evento mereceu a mesma classificação o "veterano" Festival Internacional do Porto - Fantasporto e que o vencedor tenha sido o Red Bull Air Race World Series (realizado no Porto/Gaia). Trata-se, quer num caso quer noutro, de eventos com uma expressão mediática difícil de ultrapassar. Contudo, mais do que "enchentes" fugazes e "primeiras páginas", interessa a Ponte de Lima o desenvolvimento de projectos regulares, sustentáveis e que se ajustem à realidade natural, antropológica e histórica local.
O prémio servirá, indubitavelmente, de alento à organização da III Feira do Cavalo, agendada para os dias 25 a 28 de Junho de 2009 (cujo cartaz reproduzimos).

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Alfredo Cândido, caricaturista das "verdes margens do Lima"

[Caricatura de Alfredo Cândido, O Vira, n.º 4, 22 de Março de 1906, retirado de Blog da Rua Nove]

Por estes dias, enquanto realizava uma pesquisa, cruzei-me com um conjunto de referências a páginas e blogs onde se menciona Alfredo Cândido, caricaturista nascido em Arcozelo. Sendo este um espaço de partilha, deixo as ligações para uma nota biográfica redigida por Luís Dantas, um conjunto de posts do Blog da Rua Nove, que incluem a reprodução de várias caricaturas, e o resultado de uma exposição intitulada Recordando Portugal em antigos bilhetes postais (a partir da colecção de Klaus WernerGruner), que dedicou o painel 8 à caricatura política de Alfredo Cândido.

terça-feira, janeiro 13, 2009

Dario Niccodemi no Teatro Diogo Bernardes

Em Maio de 1923, o jornal "Rio Lima" noticiava a apresentação no Teatro Diogo Bernardes da peça, em três actos, "A Migalha", da autoria de Dario Niccodemi (1874-1934). Dario Niccodemi nasceu na cidade de Livorno e iniciou a sua actividade teatral na Argentina, para onde emigrou, com a sua família. Regressou à Itália em 1915, fundando, seis anos depois, uma companhia de teatro, a primeira a representar Seis personagens à procura de um autor (1921), de Luigi Pirandello (1867-1936).
[Cf. Rio Lima, 27 de Maio de 1923, nº 21, Ano 1. Na imagem: Dario Niccodemi]

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