segunda-feira, fevereiro 23, 2009

O Lima de Camilo Castelo Branco

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Vai o leitor pasmar-se daquelas bem-aventuradas margens do Lima. Entra comigo em Viana, na louçã namorada do oceano, naquela esquiva formosa que vacila entre deixar-se amar das ondas, que lhe beijam os pés, ou dos arvoredos que lhe enramam a fronte. Agora, vamos neste barquinho rio acima até Ponte de Lima. Não se me fique arrobado neste ondear de esmeralda que a viração balança, que receio me deixe ir sozinho em procura do brasileiro. Aquilo são bosques, que escondem moitas arrelvadas, e meandros de fontes, e amores de aves, e amores de damas castelãs, que por ali se escondem mais conhecidas das estrelas que nossas, e mais conhecidas ainda dos faunos ilustrados do sítio que das estrelas.
Aqui estamos na velha Ponte. Iremos por terra a Valença que é um ir sempre ao debaixo de abóbadas de verdura.

Camilo Castelo Branco, Noites de Lamego.

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